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 Sintomas (parte 2)

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Edson
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MensagemAssunto: Sintomas (parte 2)   Sintomas (parte 2) Icon_minitimeSáb 08 Nov 2008, 09:52

Como se manifesta a Depressão
Saber como, exatamente, a pessoa apresenta sua Depressão é uma questão complicada. Como dissemos, as manifestações depressivas são muito variadas e extremamente dependentes da personalidade de cada um. Mas uma coisa é certa; a Depressão costuma estar junto com a maioria dos transtornos emocionais, ora aparecendo como um sintoma de determinado estado emocional, ora coexistindo com quadros ansiosos, outras vezes como causa de determinados transtornos. Em muitas situações psíquicas a Depressão se encontra presente, às vezes de forma típica outras vezes dissimulada.

A Depressão aparece impregnando todo o viver dos pacientes emocionais em geral, tanto sob sua forma típica, com tristeza, choro, desinteresse, etc, quanto em sua forma atípica, com somatizações, pânico, ansiedade, fobia, obsessões. De qualquer forma, o que encontramos mais freqüentemente nos distúrbios depressivos são os sintomas atrelados a essa afetividade alterada.

Normalmente os sintomas afetivos não proporcionam prejuízo significativo da cognição mas, apesar do juízo crítico estar conservado, as vivências do deprimido terão uma representação alterada, serão suportadas com grande sofrimento e com perspectivas pessimistas.

Assim sendo, a interpretação e valorização afetiva da realidade podem ter seu caráter alterado, de acordo com a intensidade da Depressão. A pessoa deprimida pode simplesmente apresentar idéias falsas sobre a realidade, nos casos mais leves ou, nos casos mais graves, pode desenvolver um delírio franco sobre a realidade.

Em sua forma típica e clássica a manifestação da Depressão depende sempre da maneira (quadro clínico, freqüência, intensidade) com a qual se manifesta o chamado Episódio Depressivo. Estudando-se o Episódio Depressivo entenderemos as manifestações clínicas de todas as depressões típicas. Enfatizando sempre o termo "típico".

Apesar de não ser bem nosso propósito classificar doenças, e sim fazer entender as emoções, vamos dar uma pincelada em alguns aspectos classificatórios importantes para o entendimento global.

Saber se o estado depressivo é Leve, Moderado ou Grave é apenas uma questão da intensidade com que se apresenta o Episódio Depressivo. Saber se esse estado depressivo é uma ocorrência única na vida da pessoa ou se é repetitivo, dependerá da freqüência com que os Episódios Depressivos se apresentam. Saber se o Transtorno Afetivo em pauta é simplesmente um quadro depressivo ou se é bipolar, dependerá do fato dos Episódios Depressivos serem a única ocorrência afetiva ou se coexistem com Episódios de Euforia. Enfim, como se vê, estudando-se o Episódio Depressivo, sua intensidade, freqüência e apresentação, podemos classificar o tipo do Transtorno Afetivo.

Devido ao fato dos estados depressivos se acompanharem, com assiduidade, de sintomas somáticos, a existência ou não destes sintomas também acaba fazendo parte da classificação. Da mesma forma, a presença concomitante ao Episódio Depressivo com sintomas psicóticos determinará diferentes classificações.

Cumprindo apenas um propósito acadêmico, e aproveitando para mostrar que a classificação dos Transtornos Afetivos (ou do Humor) é relativamente fácil, relacionamos abaixo a classificação formal, de acordo com a CID.10 (Veja os Tipos de Depressão). Em crianças e adolescentes os sintomas da Depressão podem ser diferentes (veja coluna ao lado).

Critérios para Episódio Depressivo Maior - DSM.IV
A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de 2 semanas e representam uma alteração a partir do funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda do interesse ou prazer.
(1) humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por relato subjetivo (por ex., sente-se triste ou vazio) ou observação feita por outros (por ex., chora muito).
Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável
(2) interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase todas as atividades.
(3) perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por ex., mais de 5% do peso corporal em 1 mês), ou diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias.
Nota: Em crianças, considerar falha em apresentar os ganhos de peso esperados
(4) insônia ou hipersonia quase todos os dias
(5) agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outros, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento)
(6) fadiga ou perda de energia quase todos os dias
(7) sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser delirante), quase todos os dias (não meramente auto-recriminação ou culpa por estar doente)
(Cool capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros) (9) pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio

Delírio na Depressão
O Delírio Depressivo aparece nos quadros muito graves. Normalmente surge sob a forma de Delírio de Pecado, quando a idéia principal é de culpa, ou quando o problema é a saúde, sob a forma de Delírio de Doença. Se o medo diz respeito à fortuna, surgirá o Delírio de Ruína ou de Empobrecimento e assim por diante. Percebe-se claramente que todos esses 3 tipos de delírios depressivos dizem respeito à severo prejuízo da auto-estima.

O doente com Delírio Pecaminoso crê, sem razão, ter cometido os piores crimes e pecados ou, o que é mais comum, aumenta de maneira doentia pequenas transgressões reais e tentações, mesmo quando se trata apenas de pensamentos aviltantes, e sente como se fosse um pecado ou delito imperdoáveis.

O Delírio de Empobrecimento ou de Ruína faz com que o deprimido tenha absoluta convicção de que perderá tudo, não saldará suas dívidas, será até castigado por isso, morrerá à míngua, de fome.

O Delírio de Doença do deprimido é a crença de ter determinadas doenças, sempre especialmente graves. Esses casos podem ser classificados também como Transtorno Hipocondríaco. Há ainda, em um dos tipos de Transtorno Delirante Persistente, um delírio semelhante.

Interesse, Apetite e Sono na Depressão
A perda de interesse ou prazer quase sempre está presente, pelo menos em algum grau nas pessoas com Depressão. Os pacientes podem relatar menor interesse por passatempos, "não se importar mais", ou a falta de prazer com qualquer atividade antes considerada agradável.
Os membros da família freqüentemente percebem um certo retraimento social ou descaso para atividades agradáveis, como por exemplo, jogar, assitir tv, ler revistas, reunir-se com amigos, brincar com netos e/ou com colegas, etc. Em muitos casos há uma redução significativa nos níveis de interesse ou do desejo sexual.

O apetite geralmente está reduzido, e muitos pacientes sentem que precisam se esforçar para comer. Outros, por outro lado, podem ter uma incômoda avidez por alimentos específicos, como por exemplo, chocolates, doces, etc. Quando as alterações no apetite são severas, seja por diminuição ou aumento, pode haver uma perda ou ganho significativos de peso.

A perturbação do sono mais comumente associada a um Episódio Depressivo é a insônia, tipicamente intermediária, ou seja, com despertar durante a noite e dificuldade para voltar a dormir. Menos freqüente é a insônia terminal, isto é, despertar muito cedo, com incapacidade de conciliar o sono novamente. A insônia inicial, isto é, a dificuldade para adormecer é a menos freqüente. Além disso, alguns pacientes apresentam, curiosamente, uma sonolência excessiva (hipersonia), na forma de episódios prolongados de sono noturno ou de sono durante o dia.



Baseado no Livro Da Emoção à Lesão
Ballone GJ, Ortolani IV, Pereira Neto E - Da Emoção à Lesão, ed. Manole, SP, 2a. Ed., 2007
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