Título Original: Bicho de Sete Cabeças
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 80 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2000
Estúdio: Buriti Filmes / Gullane Filmes / Dezenove Som / Imagens e Fábrica de Cinema
Direção: Laís Bodanzky
Roteiro: Luís Bolognesi
Música: André Abujamra
Elenco
Rodrigo Santoro (Neto)
Othon Bastos (Seu Wilson)
Cássia Kiss (Mãe de Neto)
Jairo Mattos
Caco Ciocler
Luís Miranda
Valéria Alencar
Altair Lima
Linneu Dias
Gero Camilo
Marcos Cesana
Sílvia Lourenço
Este não é exatamente um filme “psicopatológico”, é um filme manicomial, mais precisamente antimanicomial.
A história de um jovem, não muito diferente de qualquer outro, lançado em um mundo de horrores é baseada no livro autobiográfico “Canto dos Malditos” de Austregésilo Carrano Bueno.
Tanto quanto o livro (que ainda não li) pretendeu ser, o filme é uma denúncia contra um sistema que propondo fazer tratamento mostra-se, na realidade, corrompido e iatrogênico.
A produção do filme captou bem o ambiente de promiscuidade (não me refiro ao sexual) e descaso no trato com os pacientes. A nudez dos pacientes andando pelo hospital ou deitados no chão não é erótica, é animal. O olhar das pessoas é bovino, suas expressões faciais ficam pasteurizadas pela medicação.
Os psiquiatras diriam que os pacientes eram tão graves que isto constituía a paisagem final. O filme tenta mostrar que qualquer pessoa submetida àquele tratamento fica com expressão de peixe.
Tendo trabalhado em diversos hospitais, diria que as cenas na enfermaria, no pátio, ou mesmo as do quarto forte são muito fieis ao que se vê no dia a dia.
Ao final, um texto informa que Austregésilo Bueno tornou-se ativista do movimento antimanicomial. Moveu ação indenizatória, mas foi derrotado na justiça e também teve seu livro proibido. Tornou-se o símbolo encarnado da luta contra os abusos que ocorrem nestas instituições e recebeu homenagens (inclusive presidenciais). Faleceu em maio deste ano.
Talvez esta parte de sua vida merecesse outro filme.